domingo, 20 de setembro de 2020

REALIDADE MÁGICA - PARTE 2 - O MÁGICO - CAPÍTULO 3

 


                     REALIDADE MÁGICA –  LIVRO 1 

                            PARTE 2 – (Capítulo 3)

                                     O MÁGICO 


Fui para casa e não conseguia dormir. Pareceu-me uma eternidade esperar pelo dia seguinte. Levantei bem cedo e, girando o anel, transportei-me para a árvore de Crisélia. Intrigada, ela comentou:

 

– Ontem, depois que você saiu, não resisti e fui ao quarto de Anabel para testar a magia do espelho. Ele me mostrava tudo, menos Eliel. Para não acordá-la, resolvi trazer o espelho para a sala. Eu estava disposta a não desistir até conseguir vê-lo. Para a minha surpresa, no momento em que retirei o espelho do quarto, o rosto de Eliel surgiu imediatamente, e eu pude observá-lo como antes. Agora eu tenho certeza: Eliel não criou uma barreira para mim e sim para Anabel. Mas a pergunta é: por que ele a estaria evitando se desejava encontrá-la? Essa é uma pergunta que somente ele poderá responder. Empreste-me o anel para que eu possa ir à casa de Eliel.

 

Entreguei o anel a Crisélia, e ela desapareceu num piscar de olhos. Sentei e decidi esperar até que retornasse. Não passou tempo algum, e Anabel entrou na sala abraçada a um livro. Surpresa com a minha presença, perguntou:

 

– Quem é você? Onde está Crisélia?

 

Para não assustá-la, respondi ternamente:

 

– Nós já nos conhecemos. Meu nome é Felizardo. Crisélia saiu para fazer compras.

 

Ela riu antes de comentar:

 

– Crisélia mentiu para você. Ela não compra nada. Tudo o que ela quer simplesmente aparece. Você também é mágico?

 

Aventurei-me a dizer:

 

– Não. Mas conheço alguém que é. Seu nome é Eliel.

 

Ela exclamou tristemente:

 

– Eliel! Por que, ao ouvir e repetir esse nome, eu sinto o coração apertado? Ele pode me enfeitiçar?

 

Respondi sorrindo:

 

– Ele já a enfeitiçou, e você também conseguiu enfeitiçá-lo. Ele está apaixonado por você e pediu-me para levá-la até ele.

 

Desconfiada, Anabel exclamou:

 

– É mentira! Se ele gostasse de mim, estaria aqui. Por que ele não veio?

 

Lembrei-me do bloquinho de anotações em meu bolso. Eu o abri e li para ela as poucas palavras que Eliel utilizou para compor sua história: “Em muitas florestas, existe sempre uma única árvore, habitada pelo mesmo elfo que chora de saudade.”

 

Anabel exclamou:

 

– Eliel!… Agora eu me lembro!… O que houve?!… Onde ele está?!… Por favor, impeça Inocêncio de cortar a árvore de Eliel! Onde está Crisélia?! Ela sempre me protege. Você não pode dizer a ninguém que estou aqui. Eu tenho medo. Onde está Crisélia?

 

O encantamento inicial deu lugar ao desencanto e eu, sem saber o que fazer, abracei-a para confortá-la. Com a intenção de ajudá-la a esquecer de sua desventura por alguns minutos, sugeri:

 

– Leia uma história para mim. O seu livro parece muito interessante.

 

Os olhos de Anabel brilharam quando ela perguntou:

 

– Você também gosta de contar histórias?

 

Respondi satisfeito:

 

– Certamente. Essa é a minha profissão.

 

Orgulhosa de si mesma, ela comentou:

 

– Antes eu tinha que memorizar as histórias porque eu não sabia ler e escrever. Depois que Crisélia ensinou-me, passei a fazer anotações e ficou mais fácil lembrá-las. Também comecei a ler muitos livros, e isso aumentou muito o meu repertório. O que me entristece é não ter ninguém a quem contá-las.

 

Para animá-la, eu disse:

 

– Pode contá-las para mim.

 

FIM DO TERCEIRO CAPÍTULO

Sisi Marques

20/09/2020


C O N T I N U A . . .

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